Exmo. Sr.
Presidente da Assembleia Municipal
Sr. Vice Presidente da Câmara
Srs. Deputados Municipais e Srs. Vereadores
Minhas Senhoras e Meus Senhores
Os
meus cumprimentos a todos.
Neste
final de mandato e em forma de despedida,
decidi que devia fazer uma pequena reflexão sobre os dois mandatos, que me
foram possibilitados pelo voto do povo que me elegeu.
Tentei
ao longo destes oito anos, servir os cidadãos e as cidadãs do concelho de
Estremoz.
Muitas
vezes consegui atingir os objetivos que delineei, noutras nem por isso, apesar
do esforço realizado.
Coloquei
sempre em primeiro lugar os interesses do concelho e soube sempre distinguir o
interesse geral, do interesse particular ou de grupo.
Consegui
sempre destrinçar o relacionamento interpessoal, da querela e animosidade
políticas.
Muitas
vezes remei contra a maré.
Fui
algumas vezes incompreendido, mesmo entre os meus.
Não
perdi convicções, nem princípios.
Soube
sempre qual era o meu lugar.
E
para que não se duvide, o meu lugar é aqui onde estou, nesta bancada (PS).
Neste
momento, não posso deixar de comparar os dois mandatos para que fui eleito.
Foram
mandatos completamente distintos, quer no que se refere ao meu desempenho, quer
ao desempenho do plenário.
No
mandato iniciado em 2005 e finalizado em 2009 assistiu-se, neste hemiciclo, a
debates e a intervenções de uma invulgar qualidade, destacando as que tiveram
como interveniente o Dr. José Emídio Guerreiro, talvez o último grande
parlamentar desta assembleia.
Os
interesses particulares ou de grupo foram sempre subalternizados e prevaleceram
sempre os interesses globais dos estremocenses.
Ganharam-se
e perderam-se Debates e Votações.
Houve
intervenções eloquentes.
Debates
produtivos e decisões democráticas.
Respeito
na e pela argumentação, e pelo adversário político.
Disponibilidade
para ouvir os outros e trabalhar em grupo.
Capacidade
de gerar consensos.
Em
suma praticou-se a democracia.
Em
sintonia com o desempenho global, considero que o meu desempenho contribuiu sobre
maneira para o bom desempenho do plenário.
No
mandato iniciado em 2009 e que agora termina assistiu-se, nesta assembleia:
A
uma pobreza de ideias e de projetos.
A
intervenções pobres, monótonas, agressivas e truculentas, raiando muitas vezes o
ofensivo, senão mesmo o injurioso.
Ao
desrespeito institucional pela lei e por decisões democraticamente tomadas.
À
Incapacidade para trabalhar em grupo e para gerar consensos.
Em
suma direi, que a democracia esteve suspensa ou quase suspensa, como diria a Dra.
Manuela Ferreira Leite.
Sinceramente,
não realizámos o trabalho para que fomos eleitos.
Caros Deputados Municipais
Pergunto
mesmo:
Quantos
de nós tiveram a coragem de se fazerem ouvir, ao longo destas quatro anos?
Se
não desempenhamos o nosso papel, que está legal e democraticamente
estabelecido, para que servimos?
Também
eu, não tive o engenho e arte para dar a volta ao sistema e sair desta
mediocridade e considero que o meu desempenho, neste último mandato e apesar do
esforço despendido, como não podia deixar de ser, não se afastou da
mediocridade geral.
A
forma como, nos últimos tempos se tem feito política, não me seduz...
Na
política não vale tudo e os fins não justificam os meios…
Por
favor, não contem comigo para fazer o papel de “faz de conta”…
E
nos últimos tempos tenho-me sentido, muitas vezes a fazer de conta.
Para
isso não sirvo…
Caros Deputados Municipais
Minhas senhoras e meus senhores
Ao
longo destes oito anos como deputado municipal, sempre soube respeitar os meus
adversários políticos e dialogar com eles de forma franca e aberta.
Penso
que não… mas
se algum de vós, alguma vez se sentiu magoado com alguma das minhas palavras, pode
estar certo, que não tive essa intenção e, nesta altura que é de despedida,
queira receber as minhas sinceras desculpas…
Como
tudo na vida, nem tudo é preto ou branco.
Nem
tudo é bom ou é mau.
Ao
longo destes oito anos tive o privilégio de conviver com um grupo de amigos e podem
estar certos que, pessoalmente me sinto muito mais realizado, do que
politicamente.
Vários
de vós já eram meus amigos e consegui manter-vos como amigos.
Muitos
outros que só conhecia de vista, tornaram-se meus amigos e isso, para mim, é
muito mais importante do que os êxitos ou desaires políticos.
Para
todos sem exceção, deixo um grande abraço e a certeza que vou andar por aí…
Obrigado
por me terem ouvido
Tenho
dito
José
Francisco Capitão Pardal